Um ramo de flores, um maço de cigarros, um cinto sobre a mesa e um homem algemado pela polícia na varanda do segundo andar de um pequeno prédio em Vevey (VD)… Pouco mais de quarenta e oito horas após o assassinato de Leonor A. pelo seu companheiro e pai do seu filho, um estudante de 16 anos, a incompreensão é total.

Embora muitas pessoas tenham ouvido pelo menos um disparo no sábado por volta das 15 horas, nenhum dos vizinhos pensou imediatamente que a Leonor tivesse sido alva de um crime. “Estava a dormir uma sesta e fui acordado por um barulho. Na altura, não sabia que era um disparo. Quando me levantei e me inclinei sobre a minha varanda, a ambulância e a polícia já lá estavam. Vi polícias com capacetes de bicicleta a algemar o meu vizinho. Como havia agentes por toda a rua, pensei que devia ser muito sério”, disse um residente local à imprensa suíça. O assassino, um jardineiro português de 57 anos, é descrito como “um homem discreto”.

Estava planeada uma mudança de casa para a próxima semana

“Eu tinha prometido ajudá-la na próxima semana…” uma vizinha reagiu em lágrimas em entrevista ao jornal 20 Minutes. Ela não terminou a sua frase por causa da emoção e estava a referir-se à mudança planeada do casal na próxima semana.

Uma empregada de mesa irrepreensível e alegre

O sentimento de tristeza é partilhado pelo restaurante L’Étrier, na localidade de La Tour-de-Peilz (VD), onde Leonor era empregada de mesa. “Ela era uma colega de trabalho e amiga. Ela tinha trabalhado aqui durante catorze anos. Nunca ouvi um único cliente queixar-se dela. Ela era uma mulher alegre que criava uma boa atmosfera e uma boa energia onde quer que fosse”, disse Anna Da Silva, a gerente do restaurante, ao jornal 20 Minutes.

No sábado à noite, Leonor era suposta estar de serviço. De acordo com as reservas, o restaurante estava completamente lotado. Nada de previsto aconteceu. “Finalmente fechámos de sábado até segunda-feira, porque ninguém no restaurante estava apto a trabalhar. É realmente difícil dizer que a vida será sem a Leonor”, comentou a proprietária.

Música e bom ambiente

A emigrante portuguesa, natural da Figueira da Foz, celebrou o seu 60º aniversário na quinta-feira 13 de Outubro na presença de cerca de 15 pessoas. “Havia muita gente, música e uma atmosfera muito boa. Dois dias mais tarde, ele matou-a. O que poderia ter acontecido”, pergunta incredulamente um vizinho.

“Ela celebrou o seu 60º aniversário na semana passada. Enviei-lhe uma mensagem para lhe desejar um feliz aniversário. Tenho muitas memórias felizes com o casal desde que o filho, agora um adolescente, era muito pequeno. Não compreendo”, disse um residente de La Tour-de-Peilz, que era próximo da vítima. “Uma grande pessoa está no céu, um grande homem enlouqueceu e está na prisão, e um rapaz inocente ficou órfão”, disse um amigo do casal.