O agente da polícia municipal de Lausanne envolvido no acidente de segunda-feira à noite, que resultou na morte de uma adolescente portuguesa de 14 anos, já está implicado noutro processo judicial de grande sensibilidade. Segundo o jornal 24 heures, trata-se de um dos arguidos no caso da morte de Mike Ben Peter, cidadão nigeriano falecido em 2018 durante uma intervenção policial.

Na altura, o agente participou numa detenção musculada durante a qual foi utilizada uma técnica de imobilização com a pessoa deitada de barriga para baixo — prática que tem sido fortemente criticada por comportar riscos de asfixia. Aliás, foi precisamente por causa do outro processo judicial — relacionado com a morte de Mike Ben Peter em 2018 — que o agente em questão foi transferido para a brigada motorizada da polícia municipal.

Esta revelação lança uma nova luz sobre o drama ocorrido esta semana e tem causado forte comoção na opinião pública. Apesar de ainda não serem conhecidos todos os pormenores do acidente, sabe-se que o agente conduzia uma mota da polícia municipal quando ocorreu o embate. As circunstâncias estão a ser investigadas.

A investigação foi confiada à polícia municipal de Lausanne, sob a direcção do Tribunal de Menores. Ao contrário de outros casos semelhantes, o Ministério Público não encaminhou o processo para a divisão especializada em investigações que envolvem agentes policiais. O responsável pela comunicação do Ministério Público, justificou esta decisão afirmando que: «O Ministério Público não dispõe, neste momento, de elementos que sustentem, do ponto de vista penal, a suspeita de que um polícia tenha provocado, voluntária ou involuntariamente, a morte da jovem».

O vereador ecologista Ilias Panchard exigiu a suspensão imediata do agente e criticou o facto de a investigação estar, para já, a cargo do Grupo de Acidentes da própria polícia municipal de Lausanne. “Confiar a investigação à mesma força policial a que pertence o agente envolvido — ainda por cima arguido noutro caso grave — é completamente inaceitável”, declarou ao 24 heures. “Exigimos total transparência e justiça para a jovem vítima.”