Pilotos de MotoGP manifestaram vontade de não acelerar em Mugello poucas horas após a trágica morte do jovem piloto luso-suíço, no mesmo local, numa qualificação de Moto3. Pedido não atendido causou indignação.

Jason Dupasquier, piloto suíço de apenas 19 anos de idade, de ascendência portuguesa (a mãe é natural de Salvaterra de Magos) e que corria em Moto3, perdeu a vida na pista italiana de Mugello, no último sábado, ao sofrer um acidente durante a qualificação para o GP de Itália da categoria terciária.

O Presidente suíço, Guy Parmelin, não ficou indiferente aos acontecimentos e deixou uma mensagem de apoio para os familiares e amigos do luso-suíço.

Antes de porem a mão no acelerador para disputar a sexta prova do Mundial e arriscarem as próprias vidas, muitos pilotos revelaram no domingo o desejo do cancelamento/adiamento da corrida, em respeito ao malogrado jovem piloto. Cumprir um minuto de silêncio foi até um martírio.

Jack Miller (Ducati) – “É um desastre ver algo assim acontecer. Ontem, eu estava nervoso com tudo o que estava a acontecer [com a assistência em pista]. Nunca é um bom sinal. Esperávamos que as coisas melhorassem à noite, mas infelizmente aconteceu o pior. Perdemos um ótimo talento. Nunca vamos poder observar todo o seu potencial. Ver alguém tão novo como ele a perder assim a vida é uma tragédia para o desporto. Perder alguém assim é terrível.”

Marc Márquez (Honda) – “Perdemos um talento muito jovem. É sempre algo muito complicado, especialmente nestas condições. É difícil falar sobre isto. Corremos sempre este risco quando estamos em pista.”

Valentino Rossi (Petronas Yamaha) – “Quando estas coisas acontecem, é muito difícil encontrar uma razão para correr, até porque perguntas para ti mesmo: ‘Porquê? Porque haveríamos de correr?’ Mas, infelizmente, não tivemos o senso para não correr. Não podemos mudar o que aconteceu ontem. Foi muito, muito difícil para encontrar a concentração necessária para correr.”

Maverick Viñales (Yamaha) – “É muito difícil ver que alguém pode perder a vida desta forma em pista.”

Franco Morbidelli (Petronas Yamaha) – “Hoje foi muito difícil para conseguir concentrar-me e focar-me na corrida. O nosso desporto é assim às vezes. Infelizmente, é um desporto perigoso. Às vezes, há coisas que acontecem muito rápido e ao mesmo tempo e coisas muito más acontecem, tal como foi neste caso. É importante seguirmos em frente e tentar ultrapassar tudo isto com a mesma energia.”

Johann Zarco (Pramac) – “Ontem já foi muito difícil entrar na qualificação e fazer de conta que nada tinha acontecido. Hoje, quando soubemos que ele tinha falecido, o minuto de silêncio foi importante para existem muitos sentimentos mistos. Apetece-te muito chorar mas tens que manter-te focado e talvez chorar à noite. É o risco do nosso trabalho. É muito doloroso quando estas coisas acontecem.”

Francesco Bagnaia (Ducati) – “Foi um fim-de-semana fantástico até ontem. Ver aquele acidente do Jason e hoje receber as notícias de que tinha falecido. Para mim, foi muito difícil conseguir manter a concentração. Eu próprio despistei-me hoje. Não estou nada contente. Foi tudo muito difícil desde o início. Tentei manter a concentração, mas o minuto de silêncio no início foi muito difícil. Por mim, não tínhamos corrido hoje. Mas este é o nosso trabalho e temos de fazê-lo. Foi um dos piores dias da minha vida. Manter a concentração em situações como estas é difícil. Acabar em primeiro, em 10.º ou não acabar sequer, para mim era irrelevante.”

Aleix Espargaró (Aprilia) – “Foi um dia muito duro. Quando se sabe que um piloto morreu, bate-nos com força. Não sei como é que nós pilotos conseguimos fazer um minuto de silêncio na grelha e depois fazer uma corrida. É uma coisa difícil de aceitar. No sábado já tinha dúvidas sobre se era correto. É difícil para todos aceitar esta situação. No sábado, depois do que aconteceu, disse a Massimo [Rivola, CEO da Aprilia Racing] que não correria em caso de morte. Disseram que a situação era estável e por isso concordei em pegar na moto. Agora, sinto-me mal comigo mesmo, não compreendo como consegui apagar tudo e fazer o GP.”

Dani Petrucci (KTM Tech3) – “Sinto-me sujo por ter corrido na mesma pista onde morreu um rapaz de 19 anos. Não me parece normal, tal como não é normal que ontem ninguém nos tenha consultado. Três minutos após a descolagem do helicóptero, a pista reabriu como se nada tivesse acontecido. Há tipos que pensam que o que aconteceu ao Jason também lhes poderia acontecer. Teria sido seguido o mesmo comportamento se um piloto de MotoGP tivesse morrido?”