Entre A., um português de 25 anos nascido na Suíça com um polo preto deixando antever a sua musculatura, e C. e L., dois jovens de Genebra pouco corpulentos, o contraste era bem visível no tribunal de Vevey (VD). Cruzaram-se uma só vez: no dia 1 de agosto 2018, à beira do lago em Clarens (Montreux, Vaud). Um só encontro que foi de más memórias. Por essa razão, em tribunal, C. e L. pediram para poder se exprimir sem a presença de A. na sala de audiência. Então, A. teve que deixar momentaneamente a audiência sob escolta policial na terça-feira.
Acontecimentos
No dia dos acontecimentos, C. (17 anos), o seu irmão que tinha 13 anos, e o primo L. (15 anos) tinham desembarcado do barco familiar de onde admiraram o fogo de artifício do dia nacional para ir comprar gelados. “Cruzámos um senhor com a sua namorada. Ele parecia estar muito enervado. Ele disse:” O primeiro que olhar para mim, parto-lhe a cara. ” Alguns metros depois virei-me e ele começou a correr na nossa direção. Tivemos que fugir”, lembrou C no tribunal.
O trio conseguiu distanciar-se do agressor que estava determinado a espancá-los. “Mas quando voltámos para o barco, ele viu-nos. Ele agarrou o meu primo e atirou-o ao chão. Meteu-se em cima dele e batia-lhe. Tentei interpor-me. Ele bateu-me na cara e puxou-me o cabelo.”, relatou ainda C.
A situação continuou a piorar. “O senhor pediu ao meu primo e a mim para nós atirarmos ao lago. Ele disse-nos : “Vou ficar aqui até vos ver morrer de hipotermia.”
O medo dos dois jovens na água fria não atenuou a crueldade do português. Quando L. implorou toda a sua piedade, o agressor disse-lhe: “Cala-te senão vou afogar-te”. De seguida, o português lançou um tronco em direção de um dos jovens que conseguiu se desviar. Desde esse dia, L. diz ter muitos pesadelos.
Julgamento
C. reclamou uma compensação de 200 francos pelos custos de arranjar o telemóvel estragado pelo português. O advogado do agressor aceitou compensar esse montante e pediu a C. para retirar a sua queixa penal. No entanto, o jovem recusou. L., que foi obrigado a seguir uma terapia com um médico, também pediu uma compensação. O advogado do português propôs-lhe 800 francos e a retirada da queixa. L. também recusou.
O agressor luso foi condenado a 1 ano de prisão. Quando ele voltou à sala de audiência que as vítimas tinham acabado de deixar, o Presidente do tribunal resumiu-lhe as declarações das vítimas. “Tinha admitido os factos à frente da polícia. Admito novamente tudo o que os jovens disseram. Arrependo-me. Não sei porque agi dessa forma. Contudo, tinha passado um belo dia com os meus pais e a minha namorada”, disse o acusado. De repente, o português mudou de versão e afirmou que são os jovens menores que o “insultaram em primeiro”.
Não conseguiu convencer o tribunal e deverá permanecer 12 meses na prisão. No entanto, os juízes recusaram a expulsão para Portugal.
Outros condenados
O agressor português não era o único dos acusados em tribunal. Tinha igualmente um francês, um argelino e um iraniano. Os quatro eram reconhecidos por aterrorizar a região. Os outros membros do grupo foram condenados quarta-feira por consumação de drogas, violências e tentativas de roubo. O argelino, o francês e o iraniano são reincidentes. Os dois primeiros foram condenados a 12 e 21 meses de prisão e expulsão do território suíço.
Quanto ao iraniano com mais de 30 anos e o único membro de uma família próxima do Shah a não ter a nacionalidade suíça, ele deverá permanecer 20 meses em prisão e deverá de seguida ficar dez anos sem poder voltar à Suíça.